Inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
sonhos, entrega, saudades, missão, paixão, relações, grupo, o outro, aquele brilhosinho nos olhos, pertença, buscar... sempre mais e mais, caminhos, opções, perder, encontrar, saborear, ser, conhecer, absorver, aprender, errar, recomeçar, crescer, ser marcado, tocar, falar e falar, abraçar, relaccionar, Amar... até ao fim!
Dou por mim a pensar na importância de um desabafo... porque é importante? Porque me sinto importante quando alguém desabafa comigo? Esse alguém confiou em mim. Esse alguém tem consideração por mim, por aquilo que poderá vir da nossa conversa, da nossa interação, que insights, que caminhos e que visões poderão sair de uma situação que por vezes parece sem fundo. Não entendo uma vida de aparência, fingir que estou bem serve para quê? Somos todos tão diferentes, entre livros abertos e pessoas que falam de tudo com todos a pessoas que não confiam nem na própria sombra. Fechadas, enclausuradas nos seus problemas que consideram só seus e em que ninguém é digno da sua partilha. Talvez não seja não ser digno, talvez seja não querer incomodar. Ou achar que ninguém tem nada a ver com isso. Ou simplesmente não saber fazê-lo, nem saber por onde começar... Mas o que é uma vida não partilhada?! Onde partilhas triunfos e coisas boas e metes para debaixo do tapete tudo o que corre mal... Quem ensinou alguém a fazer isso? A familia? A mim ensinaram-me a partilhar os meus problemas, a espalha-los pelo mundo? Ou fui eu que aprendi sozinha que partilhando o fardo parece ficar um pouco mais leve? Para mim a amizade faz sentido assim, se estou bem estou bem, conto coisas boas, estamos juntos, rimos juntos, se um amigo não está bem eu estou lá para pegar, escutar, não julgar, ajudar, se eu não estou bem digo que não estou bem...
Hoje ouvi na Inspiração para uma Vida Mágica que um desabafo é uma prenda, é um momento único de partilha e bateu certo com aquilo que penso...
Seja o que for, a nossa vida vai acontecendo e com ela vamos nos sentindo inspirados, desesperados, tristes, felizes...
Quantas vezes partilhei algo da minha vida e alguém me ajudou a compreender melhor aquilo que eu própria estava a sentir. Quando concretizas em palavras as tuas emoções e vivências percebes melhor o que são. Quando ouves algo que de repente ressoa em ti e te dá esperança ou outra visão...
Precisamos uns dos outros, é tão simples quanto isso e não penso nada que quando me desabafam uma situação me contaminam com o problema ou com a má energia e que vou ficar chateada. Fogo, valorizo imenso essa confiança e acredito mesmo que os laços são feitos disso.
De que serve saber que alguém que eu adoro esteve a sofrer durante meses, anos em solidão.
Não espero receber desabafos de todas as pessoas que conheço, há sempre as mais próximas e as menos, mas preocupa-me as que sei que são próximas e mesmo assim não partilham. Quanto mais silêncio pior :-(
Há silêncios ensurdecedores...
Penso na minha melhor amiga e em como a nossa amizade evoluiu ao longo dos anos... olho para os meus pais e para as suas amizades de anos e anos...
Penso naqueles amigos com quem já não estou há anos e que no dia que nos encontramos é tão bom estarmos juntos, partilhamos a vida como se ainda tivemos juntos nas circunstâncias que nos uniram... como se estivéssemos no cemitério da Ferreira Dias horas a fio depois das aulas, ou num Pub da Fulham Road a beber pints, ou no bar da faculdade e na Associação de estudantes...
Será que a amizade é mesmo assim ou somos nós que a fazemos assim, evolui ao longo dos anos...
A amizade com o meu irmão, os meus pais, o André, as minhas filhas, os meus sobrinhos...
E aqueles amigos de sempre e para sempre mas que a forma da amizade se modificou tanto. Já não partilhamos a vida todos os dias, as opiniões, o que nos preocupa, os insights, a dor, as conquistas, as alegrias. Pequenos detalhes, medos...
Esses pequenos/grandes assuntos da nossa vida acabam por ser partilhados com quem está mais perto... colegas de trabalho, e onde ficam aquelas pessoas que nos conhecem de alto abaixo, por dentro e por fora?
Aquelas com quem crescemos e nos formamos nas pessoas que somos.
A Lara compreende o que é uma amizade? Uma amizade a sério?
Daquelas que crescem devagarinho, mas que a pessoa se preocupa e fala contigo, as conversas alinham-se
Essa pessoa é a nossa companhia, faz-nos rir, gosta da nossa companhia, partilha alguma coisa connosco.
Onde anda essa amizade?